O problema é que faltam candidatos e profissionais qualificados Ao contrário do que se propaga, o Brasil não precisa de mais faculdades de engenharia. Sobram vagas nos cursos; o que falta são candidatos. Para piorar, a evasão é grande e os alunos que concluem o curso geralmente saem sem uma boa formação.
Esse foi, em linhas gerais, o tom dos discursos de abertura da 1ª Conferência da Universidade de São Paulo (USP) sobre engenharia, que aconteceu nos dias 25 e 26 de outubro, na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP). O evento reuniu especialistas do Brasil e do exterior, com o objetivo de discutir novas perspectivas para os desafios da engenharia nacional. A solução do déficit de profissionais foi um deles.
Por conta desse apagão de talentos, o Brasil já está importando profissionais para dar suporte ao seu desenvolvimento. Uma das conclusões da conferência foi a de que, para reverter esse quadro, não basta atrair mais estudantes para os bancos das faculdades. É preciso atacar o problema na raiz, melhorando a qualidade do ensino médio e superior - de um modo geral -, além de repensar a formação do engenheiro, que precisará ter a inovação como foco.
Na opinião de José Roberto Castilho Piqueira, vice-diretor da Poli, a revalorização da profissão nos anos 2000, depois de 15 anos de estagnação, causou uma correria para se formar mais engenheiros, o que não pode ser resolvido de uma hora para outra. Para o professor, é preciso retomar esse processo de maneira gradativa, e isso passa pela formação de bons professores.
Os números apontados José Roberto Cardoso, diretor da Poli, mostram a extensão do problema: "As instituições de ensino do país abrem todos os anos cerca de 180 000 vagas, mas somente 150 000 são preenchidas, sendo que apenas 35 000 se formam" contou. "É um rendimento muito baixo e o resultado disso é que já estamos importando profissionais."
Como se não bastasse o problema da qualidade do ensino - apenas um entre quatro engenheiros tem uma boa formação - os profissionais são formados para serem especialistas - um conceito herdado da década de 1970, que exigia que o engenheiro saísse da universidade produzindo. "Hoje sabemos que a especialização é inibidora da inovação e que o empreendedorismo não nasce com a pessoa. É uma ciência que se aprende", afirmou Cardoso.
O que está em jogo é o futuro do país, salientou João Fernando Gomes de Oliveira, diretor do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). "O desenvolvimento de uma nação depende muito da vontade dos seus jovens", disse. Ele contou que, na Alemanha, os jovens estão perdendo o interesse pela engenharia mecânica, justamente em um país que se destacava nessa área.
Quanto ao Brasil, o professor ressaltou que o mercado não está conseguindo atrair os jovens para as áreas de exatas. "A massa que ingressa nas faculdades não tem condições de atender os requisitos de um curso de engenharia, por conta da deficiência de formação no ensino médio", declarou o diretor.
Na pós-graduação e na pesquisa o problema não é menor. Segundo Marco Antonio Zago, pró-reitor de Pesquisa da USP, a despeito do crescimento no número total de doutores, houve uma redução no número de doutores em engenharia em relação às ciências sociais.
Isso sinaliza um caminho inverso aos dos BRICs, como o da China, por exemplo, onde a área de exatas predomina na produção científica. No Brasil, a engenharia figura em 5ª lugar e a computação em 9º. Na China, as quatro primeiras áreas são engenharia, física, matemática e computação. "É esse caminho que deveríamos trilhar, buscando uma ciência de ponta forte", finalizou o pró-reitor.
Esse foi, em linhas gerais, o tom dos discursos de abertura da 1ª Conferência da Universidade de São Paulo (USP) sobre engenharia, que aconteceu nos dias 25 e 26 de outubro, na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP). O evento reuniu especialistas do Brasil e do exterior, com o objetivo de discutir novas perspectivas para os desafios da engenharia nacional. A solução do déficit de profissionais foi um deles.
Por conta desse apagão de talentos, o Brasil já está importando profissionais para dar suporte ao seu desenvolvimento. Uma das conclusões da conferência foi a de que, para reverter esse quadro, não basta atrair mais estudantes para os bancos das faculdades. É preciso atacar o problema na raiz, melhorando a qualidade do ensino médio e superior - de um modo geral -, além de repensar a formação do engenheiro, que precisará ter a inovação como foco.
Na opinião de José Roberto Castilho Piqueira, vice-diretor da Poli, a revalorização da profissão nos anos 2000, depois de 15 anos de estagnação, causou uma correria para se formar mais engenheiros, o que não pode ser resolvido de uma hora para outra. Para o professor, é preciso retomar esse processo de maneira gradativa, e isso passa pela formação de bons professores.
Os números apontados José Roberto Cardoso, diretor da Poli, mostram a extensão do problema: "As instituições de ensino do país abrem todos os anos cerca de 180 000 vagas, mas somente 150 000 são preenchidas, sendo que apenas 35 000 se formam" contou. "É um rendimento muito baixo e o resultado disso é que já estamos importando profissionais."
Como se não bastasse o problema da qualidade do ensino - apenas um entre quatro engenheiros tem uma boa formação - os profissionais são formados para serem especialistas - um conceito herdado da década de 1970, que exigia que o engenheiro saísse da universidade produzindo. "Hoje sabemos que a especialização é inibidora da inovação e que o empreendedorismo não nasce com a pessoa. É uma ciência que se aprende", afirmou Cardoso.
O que está em jogo é o futuro do país, salientou João Fernando Gomes de Oliveira, diretor do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). "O desenvolvimento de uma nação depende muito da vontade dos seus jovens", disse. Ele contou que, na Alemanha, os jovens estão perdendo o interesse pela engenharia mecânica, justamente em um país que se destacava nessa área.
Quanto ao Brasil, o professor ressaltou que o mercado não está conseguindo atrair os jovens para as áreas de exatas. "A massa que ingressa nas faculdades não tem condições de atender os requisitos de um curso de engenharia, por conta da deficiência de formação no ensino médio", declarou o diretor.
Na pós-graduação e na pesquisa o problema não é menor. Segundo Marco Antonio Zago, pró-reitor de Pesquisa da USP, a despeito do crescimento no número total de doutores, houve uma redução no número de doutores em engenharia em relação às ciências sociais.
Isso sinaliza um caminho inverso aos dos BRICs, como o da China, por exemplo, onde a área de exatas predomina na produção científica. No Brasil, a engenharia figura em 5ª lugar e a computação em 9º. Na China, as quatro primeiras áreas são engenharia, física, matemática e computação. "É esse caminho que deveríamos trilhar, buscando uma ciência de ponta forte", finalizou o pró-reitor.
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